mar 19, 2024

O desafio abraçado pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais) é grande em um mercado que amarga um alarmante déficit de mão de obra qualificada em tecnologia. Mas não somente a falta de capacitação é responsável pelo abismo que separa o candidato da vaga.

Na avaliação da entidade, a precarização e a falta de ética no trabalho são as grandes vilãs que afastam quem está apto a trilhar uma jornada evolutiva nas organizações. Não por acaso, muitos desses profissionais disputados pelos recrutadores estão deixando o País para oportunidades fora dele.

O movimento de combate à precarização e à valorização da ética do trabalho conta com 19 empresas signatárias, entre elas AMT, BRQ Digital Solutions, Capgemini, e-Core, Ília Digital, Indra e Minsait, NTT Data, Spread, TIVIT e Totvs. “É apenas o começo, e vamos continuar empenhados para atingir o maior número possível de adesões”, prometeu o presidente da Brasscom, Sergio Paulo Gallindo, em coletiva de imprensa realizada nesta manhã (21/09), em São Paulo.

O executivo destacou que a adesão ao movimento é livre, e ele é aberto a qualquer empresa que defende o trabalho ético, independentemente do setor. “Além de respeitar a legislação local, valorizar o trabalhador e preservar os investimentos”, ressaltou Gallindo. Para Benjamin Quadros, CEO da BRQ Digital Solutions, uma forte questão é a tributação do trabalho. Opinião seguida por Gallindo: “A política pública de desoneração da folha de pagamentos é parcial.”

A Brasscom entende se tratar de uma jornada desafiante, que precisa se manter viva e sustentável. Para isso, as companhias precisam disseminar essa cultura do combate à precarização e valorizar a ética no trabalho. Todos os envolvidos nas cadeias de negócio das empresas precisam ser conscientizados. “Parceiros, desenvolvedores de tecnologia e os compradores de tecnologia também”, alertou o presidente da associação.

Selo do Trabalho Ético

As empresas que aderirem ao movimento e estiverem empenhadas em traçar estratégias internamente para estarem em compliance com os princípios do movimento ganharão o Selo do Trabalho Ético, que poderá ser exibido em seus sites e em materiais que acharem pertinentes. A credencial será concedida a todas as empresas signatárias da Carta de Princípios do Trabalho em Tecnologia.

Mas o que defende a essa Carta? Reforça os compromissos das empresas com os valores de ESG, como a transparência, a legalidade e a governança como instrumentos para promover o crescimento econômico, sustentável e inclusivo.

Para dar suporte palpável e assertivo à iniciativa, a jornada das organizações no movimento será monitorada por pesquisa, que já tem nome: Pulse. Em sua primeira edição, realizada com uma amostra de associados da Brasscom, trouxe resultados que servem de reflexão e bússola para o desenho de ações estratégicas. Ela mede o status em solo nacional da precarização do trabalho formal no setor de tecnologia da informação.

De acordo com a Pulse, entre os cerca de 300 profissionais contratados pelas empresas, 16,8% deles deixaram o trabalho informal para assumir um trabalho formal. E dos profissionais que saem dessas empresas, cerca de 115 analisados, 16,2% deixam o trabalho formal para outro precarizante informal. Considerando que as empresas estão formalizando 298 profissionais e ao mesmo tempo 115 estão se desligando e assumindo trabalho precarizante informal, o índice geral de formalização do trabalho é 61,4%.

E como anda o entendimento dos profissionais do setor sobre a questão da precarização do trabalho? A conclusão é que há muita desinformação a respeito do que é ou não legal, se a empresa está burlando ou não algum procedimento ético. É preciso disseminar essa cultura em toda a cadeia de negócios das empresas, mas também junto aos profissionais, para que sejam agentes de alertas e para que o movimento seja, de fato sustentável. “A precarização destrói salários, e essa é uma questão crítica que vamos nos esforçar para eliminar em nosso País”, completou o presidente da Brasscom.

Fonte: Convergência Digital

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