O avanço da epidemia do novo coronavírus pelo mundo tem provocado abalos nos mercados globais e tem elevado as preocupações de investidores e governos sobre o impacto da propagação do vírus nas cadeias globais de suprimentos, nos lucros das empresas e no crescimento da economia global.
Embora o maior número de casos confirmados e os principais impactos ainda estejam concentrados na China, os temores de uma pandemia intensificaram-se com autoridades pelo mundo lutando para prevenir a disseminação do vírus, que já foi registrado em cerca de 30 países, gerando interrupção de produção e consumo na China, e também a paralisação de algumas atividades em países como Coréia do Sul, Irã e Itália.
Veja a seguir os principais impactos e possíveis consequências do avanço do coronavírus na economia global e brasileira:
Desaceleração da economia global e da China
Embora ainda seja difícil estimar a magnitude do choque na economia, já é praticamente consenso que a economia global e o PIB (Produto Interno Bruto) da China deverão crescer menos que o esperado em 2020.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), que já alertava para um ritmo de recuperação mais lento em 2020, estima que a epidemia de coronavírus deverá reduzir o crescimento econômico mundial em até 0,1 ponto percentual.
O surto representa um grande abalo na economia chinesa, pois tem fechado fábricas e lojas, colocado regiões inteiras em quarentena e deixado muitos cidadãos trancados em suas casas por medo do contágio, reduzindo dessa forma o consumo e a atividade econômica. Vale lembrar que a China é a segunda maior economia do mundo, com uma participação no PIB global da ordem de 16%.
Entenda o impacto do avanço do novo coronavírus
Cadeias globalmente integradas
O impacto do coronavírus na produção manufatureira chinesa também traz consequências para os principais parceiros comerciais chineses e para as cadeias globais de suprimentos.
Mesmo em regiões que não estão em quarentena, eventuais suspeitas de contaminação têm levado ao fechamento total de algumas indústrias até que se descarte um novo caso.
As exportações chinesas de bens intermediários no segmento eletroeletrônico respondem por mais de 10% da produção global desses produtos.
Segundo um relatório da Trendforce, empresa chinesa de análise de cadeia de suprimento, a produção de smartphones no primeiro trimestre de 2020 pode cair 12% se comparada ao mesmo período em 2019.
O coronavírus afeta até mesmo a produção de mel da China, a maior produtora mundial de mel, uma vez que as restrições de viagens adotadas para conter o surto prendem apicultores em casa e deixarão suas abelhas sem alimento durante semanas.
Centro comercial vazio em Wuhan nesta quarta-feira (26), na província de Hubei, na China — Foto: Reuters